Nas obras que compõem a série, ambíguas entre o desenho e a pintura, se percebe a presença de grandes figuras de cães. Culturalmente, a palavra cão está associada a idéias opostas e complementares: ternura e agressividade; segurança e perigo; fidelidade e incerteza. O espaço que ocupam não parece ser outro que não a espacialidade do papel. Estas figuras se encontram estáticas, é como se estivessem, de certa forma, escritas. E isso diz muito sobre a origem dessas imagens.
Elas são o ponto de partida e se repetem desde séries anteriores até esta. Essas imagens de cães se deixam abertas a toda sorte de intervenções. Como uma espécie de carta cifrada que é feita e refeita pelas tintas, vernizes, manchas de gordura, hachuras, tracejados e colagens que compõem suas sucessivas camadas, sua carnadura.